top of page

Cozinhas & Infâncias

a51d3cd4-efe9-420c-829a-66a041777cde.png

Um programa desde a formação de educadores até o chão da escola

Nascido do desejo de fazer acontecer a reconexão da criança com o alimento de verdade, o Instituto Comida e Cultura iniciou, em 2022, o programa de formação de educadores Cozinhas & Infâncias.

Desde lá, a proposta central já era sensibilizar e preparar o educador como emissário dos conceitos e práticas essenciais ao alcance desse objetivo, com uso de recursos lúdicos e pedagógicos para resgate da história, cultura e biodiversidade brasileiras no ‘chão da escola’ e, assim, contribuir para que se faça valer o tema da alimentação nos currículos e demais processos pedagógicos.

Quando falamos de chão da escola, estamos falando de algo amplo, diverso e multidisciplinar, assim como é a própria questão alimentar. O processo de aprendizado transcende a sala de aula. Ele está na horta, na biblioteca, na cozinha, no pátio de recreio, no refeitório. E sendo assim universal, é uma proposta que pode ser executada em qualquer território escolar, com realidades e recursos os mais variados.

Crianças com cozinheira_Foto Professora

E quando falamos em educadores, da mesma maneira, falamos de um conceito que vai além da figura do professor. Aqui se incluem também diretores, coordenadores pedagógicos, nutricionistas, cozinheiras escolares e até familiares.

Por isso, a ideia de reconexão com o alimento implica no envolvimento de toda a comunidade escolar, dentro e fora dos muros da escola, o que representa um desafio ainda maior.

Por meio da formação, educadores são encorajados ao debate da educação alimentar e estimulados à prática.

Professora Cleris, EMEI Profª Cleide Moreira dos Santos, São Paulo

Foto: Gislaine Assis, AVE - Auxiliar de Vida Escolar

- O Cozinhas e Infâncias em tópicos - 

Por quê?

Favorecer a relação saudável e consciente da criança com o alimento

 

Para quê?

Inserir o tema da alimentação nos currículos e projetos político pedagógicos das escolas

Para quem?

Profissionais da educação infantil e fundamental de escolas públicas e privadas e famílias

 

Com quem?

Escolas, governos, academia, empresas e  sociedade civil 

 

Como?

Interdisciplinaridade, multiletramento, monitoramento e avaliação

De onde partimos

O Programa Cozinhas & Infâncias iniciou em 2022, com  a proposta de promover uma formação de educadores para inserção do tema Alimentação Adequada e Saudável no currículo, integrando estratégias pedagógicas inovadoras a partir de uma perspectiva inclusiva e decolonial da história da alimentação humana e da cultura culinária brasileira.

O processo pedagógico se baseia na valorização da diversidade de povos, territórios, biomas e culturas que formam o Brasil e na potencialidade do Programa Nacional de Alimentação Escolar na indução da Educação Alimentar (PNAE).

A inclusão desses temas já é algo previsto na Lei 11.947/09, que regulamenta o PNAE, na Lei 10.639/03, das Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígenas e na Lei 13.666/18, que determina que a Educação Alimentar e Nutricional permeie os currículos.

A primeira turma do Programa aconteceu no primeiro semestre de 2022, com turma composta por educadores de duas escolas, ambas na zona oeste da cidade de São Paulo.

Dado os indicativos de êxito da experiência e com o propósito de ganho de escala, ampliação de territórios e diversificação da amostragem, incluindo aspectos sócio-econômicos, a partir de julho daquele ano, outras 3 escolas da rede pública de ensino de São Paulo, desta vez, na zona sul da cidade, participaram do curso.

No fim de 2022, tínhamos, portanto, 5 escolas formadas,  alcançando cerca de 100 educadores e com potencial de impactar 1.800 estudantes.

As duas turmas passaram por um processo de avaliação desenvolvido e conduzido em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da USP, para aferir as Habilidades Culinárias Domésticas e o grau de conhecimento das diretrizes do Guia Alimentar para a população Brasileira e segurança para sua replicação junto aos alunos.

Professoras na cozinha_Lucas Slater.JPG

Educadoras na cozinha da Faculdade de Saúde Pública da USP durante aula prática do Programa, São Paulo

Foto: Lucas Slater

Consultando a receita_Ju.jpeg

Educadoras na cozinha da Faculdade de Saúde Pública da USP durante aula prática do Programa, São Paulo

Foto: acervo ICC

Em razão do nítido progresso em todas as dimensões avaliadas, em 2023, o curso se estendeu para toda a rede pública de educação infantil do município, numa parceria instituída por Acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto Comida e Cultura, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo por meio de Coordenadoria de Alimentação Escolar (CODAE) e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

Daí para a frente, com o Programa consolidado na maior metrópole do país, o Cozinhas e Infâncias esticou os braços para a região central do Brasil, em Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, inserindo no projeto a perspectiva de uma abordagem centralizada na sociobiodiversidade, que no caso, traduziu-se na valorização dos saberes e sabores do Cerrado brasileiro.

EM Elba Xavier Ferreira_Chapada- deve ser da Keta na VT lá.jpg

EMEI Elba Xavier Ferreira, Chapada dos Guimarãoes, MT

Foto: acervo ICC

2023.06.20_Gislaine do Nascimento Silva (3).jpeg

Pequi do Cerrado

Foto: Gislaine do Nascimento Silva

O Programa em números

Até o momento a iniciativa em São Paulo alcança 546 unidades escolares de Educação Infantil (EMEIs e CMEIs), 569 professores e gestores, 33 nutricionistas da Coordenadoria de Alimentação Escolar da PMSP (CODAE), impactando potencialmente quase 50 mil estudantes (23% do total de alunos da rede infantil).

A partir das reflexões e aprendizagens do projeto, cerca de 200 intervenções pedagógicas já foram aplicadas com estudantes nas escolas participantes entre março e junho de 2023, todas elas sistematizadas na ferramenta online Padlet, que permite o compartilhamento, entre os cursistas, de um mural virtual dinâmico e interativo, em que se registram as experiências dos educadores na prática.

Já no Cerrado, o programa aconteceu no primeiro semestre de 2023, alcançando a formação de 40 educadores de toda a região da Chapada dos Guimarães, incluindo seu homônimo município. Calcula-se um potencial alcance de cerca de 1000 crianças beneficiadas na região.

Como acontece a formação dos educadores?

Distribuído em sete módulos, o curso é ministrado em aulas semanais, em paralelo à realização de diálogos online entre, facilitadoras, educadores e convidados.

IMG_20230629_140210678_HDR.jpg

A nutricionista Isabela Dall'Acqua, da Faculdade de Saúde Pública da USP, durante aula demonstrativa

Foto: acervo ICC

O conteúdo do curso percorre uma linha evolutiva que propõe uma jornada pela História da alimentação e da culinária brasileiras.

Seção C&I_graf_Jornada pedagógica.png

As bases teóricas do Programa

O Cozinhas e Infâncias é um programa de formação e qualificação de educadores que tem como referência o Guia alimentar para a população brasileira articulado com as práticas e vivências de crianças e suas multiplicidades.

Além dele, a construção da ementa do curso se baseia, sobretudo, nas premissas

  • Guia Alimentar para População Brasileira

  • Lei 11.947/09: Programa  Nacional de Alimentação Escolar)(PNAE)

  • Lei 13.666/18 : EAN nos currículos escolares

  • Diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

  • Lei 10.639/03 Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e Ensino de História e cultura Afro-Brasileira e Indígena

  • Marco Regulatório da Primeira Infância

  • Estatuto da Criança e do Adolescente

  • Projeto Político Pedagógico de cada escola

Onde já chegamos?

Até aqui, contamos a história, como tudo aconteceu. Mas essa foi só a estrada. Nosso percurso não termina, ele tem muitos destinos e já aporta em tantas escolas por aí.

Por que inserir o tema da alimentação nas intencionalidades e práticas pedagógicas?

Ao cozinhar com as crianças, é possível integrar os diferentes direitos de aprendizagem desejados nesta etapa do desenvolvimento humano: expressar, conviver, brincar, participar, explorar e conhecer-se. Esta prática apoia o desenvolvimento da cognição e das habilidades socioemocionais e motoras.

É possível trabalhar temas complexos, tais como os  processos produtivos e seus impactos, a origem e a sazonalidade dos alimentos, a ancestralidade e a cultura intrínsecas aos diferentes modos de preparo, a importância da preservação da sociobiodiversidade e do resgate das receitas tradicionais feitas com ingredientes nativos. Aprendendo os vários tipos de cocção e de mistura de sabores, eles sentem muito mais prazer no comer e no confraternizar em volta de uma mesa estimulando uma relação mais íntegra e harmoniosa com a comida.

As práticas pedagógicas que envolvem o tema da alimentação favorecem o debate sobre as cadeias de produção e consumo dos alimentos, promovendo a conscientização para o impacto de nossas escolhas desde o plantio até o descarte, seja na saúde, na sociedade ou no meio ambiente. Precisamos reforçar que a identidade cultural de um povo age como sustentação e manutenção de suas tradições e costumes, a comida, o ato de cozinhar são elos e criam símbolos que moldam os hábitos culturais de um grupo.

Em linha com a BNCC e no caso de São Paulo, com o Currículo da Cidade, as experimentações lúdicas e o fazer culinário pode ocorrer a partir de espaços de aprendizagens plurais, seja na família, na escola ou na comunidade, contribuindo para desenvolver o multiletramento, o conhecimento, o repertório cultural, o pensamento científico, criativo e crítico, o autocuidado, o protagonismo, a empatia, o pertencimento, o respeito às diversidades e a cooperação na vida das crianças.

Na educação infantil, em especial, a culinária desenvolve a coordenação motora fina, ampliando a experiência com misturas, consistências e sabores e apoia o autoconhecimento e a autoconfiança, promovendo a experimentação de conquistas e limitações.

Independente da faixa etária, experiências culinárias podem ser uma porta de entrada para o reconhecimento e memória dos conhecimentos e tecnologias ancestrais atribuídos a grupos étnicos, e para a inclusão e valorização de  alimentos da biodiversidade nos programas de alimentação escolar, em particular. 

Veja algumas experiências práticas no chão da escola em breve aqui.

Colher_site (1).png
bottom of page